SARA SILVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Quando o Carlão [Carlos Reichenbach, cineasta morto no ano passado] me chamou nos anos 1990 para criar uma produtora, perguntei se iríamos ganhar dinheiro com nosso filmes. "Dinheiro eu não sei, mas corremos o risco de entrar para a história", ele me respondeu.
Com ele aprendi a importância do dito cinema autoral, que é parte importante da cultura do país e não consegue se manter financeiramente. A alternativa é buscar recursos públicos, que devem ser distribuídos a todos, seja o filme comercial ou autoral.
Mas hoje o grande problema do cinema nacional é que é impossível brigar por espaço com a indústria cinematográfica dos Estados Unidos.
É injusto, portanto, analisar o resultado de um filme apenas com base no número de espectadores nos cinemas.
Como a maioria das salas está ocupada pela produção estrangeira, o público brasileiro não tem sequer a oportunidade de ver os filmes nacionais para conseguir avaliar se eles são bons ou ruins.
Não há grandes problemas de produção, mas gargalos na distribuição e na exibição.
A maioria dos espectadores acaba só tendo contato com essas obras em outros formatos, como TV e DVD, ou no circuito alternativo da Programadora Brasil, que conta com 1.625 pontos de exibição em 850 municípios e um acervo de quase mil obras.
SARA SILVEIRA é produtora da Dezenove Filmes, de obras
como "Falsa Loura". Em depoimento a Matheus Magenta.
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